Cinco minutos (José de Alencar)

A história começa no Rio de Janeiro, quando o narrador-personagem perde o ônibus e é obrigado a pegar o próximo, ele entra e procura um lugar no fundo do carro, mas os lugares já estavam ocupados, porém uma moça afastou-se um pouco e deu lugar a ele. Minutos depois, ele tenta ver o rosto da moça mas foi impossível por conta de um véu que cobria sua face. Então  ele temeu que a mesma fosse feia. Instantes depois, o braço macio dela encosta no braço dele, juntamente com sua mão delicada e ele se apaixonou de uma maneira irreverente. No entanto momentos depois a moça desce do carro sem que ele percebesse e a partir daí ele faz de tudo pra ver a amada novamente. Depois de um mês tentando descobrir a identidade da amada, ele a encontra numa ópera (La traviata) e declara-se para ela mas ela foge deixando um lenço cheio de lágrimas. Depois de outros desencontros, finalmente ele conhece a mulher. Por carta, ela revela que já o observava nos bailes, amava-o há tempos, mas não podiam ficar juntos porque ela tinha uma doença incurável. Ele se entristece com a notícia e ela pede para que ele a esqueça, mas isso se torna difícil pois ele já está apaixonado. Para prolongar seus dias de vida Carlota teria que viajar, nisso ela mandou uma carta para ele comunicando sobre sua viajem com a sua mãe. Assim que ele recebeu a carta fez de tudo para achá-la, indo até a Europa ao seu encontro.  Encontrando-a, eles começaram a viver um amor puro á espera da morte de Carlota.

Uma tarde em que ela estava ainda mais fraca, eles foram para a varanda da casa em que estavam, ela não tinha forças nem para sorrir, parecia que estava dando adeus à vida. Depois de instantes, Lúcio sentiu a respiração de Carlota parar e a mão gelar; ele a abraçou e encostou seus lábios no dela, dando-lhe um beijo e nesse momento ocorreu um milagre. Carlota ergueu a cabeça com um ar de felicidade, e dias após já tinha recuperado sua saúde e sua força, ambos estavam felizes desfrutando essa alegria. Eles se casaram e passaram a viajar bastante durante um ano consecutivo, vivendo de um amor e alimentando-se de contemplações; depois resolveram morar em uma casa fixa, levavam uma vida normal e apaixonante. No fim, a retrospectiva de sua vida amorosa é toda relatada em uma carta escrita por Lúcio para sua prima. E foi aí que ele constatou que por causa do atraso de cinco minutos, conheceu a mulher de sua vida!


Análise do livro:
Cinco Minutos conta a história do casamento do autor com Carlota. No entanto, para o leitor, parece que está escutando uma história que não é para ele, já que Alencar dirige seu texto a uma prima. O leitor aqui é uma terceira pessoa, um voyer que fica entre José de Alencar e sua prima. Ao mesmo tempo em que tenta levar o leitor a pensar que tudo é imaginário e faz parte das fantasias do autor, José de Alencar faz questão de narrar fatos verídicos da época, acontecimentos reais que marcaram o Rio de Janeiro no início do século. É tão minucioso nesse aspecto que até narra datas e horários etc. Atualmente as histórias do autor romântico passam como que quase infantis e ingênuas para o leitor moderno. São narrações em que o amor sempre vence, decisões passionais de amantes, amor e amor e amor. À época, os folhetins eram lidos pelas senhoras burgueses. Exagerando-se um pouco na dose, poderíamos dizer que Alencar lembra remotamente, os livrinhos que embalam os sonhos de moças solteiras, no entanto não se pode deixar de dizer que sua escrita, linguagem, e modo estilístico são de extrema qualidade. Foi Alencar quem dissociou-se do modelo português da escrita para definitivamente inaugurar o texto nosso, brasileiro. Os livros Cinco Minutos e A Viuvinha falam sobre a vida burguesa. Suas personagens são personagens que, no fundo, representam o ideal acabado da vida burguesa, tropicalmente reproduzida na Corte brasileira. Em Cinco Minutos, o narrador-personagem está disponível, da primeira à última página, para satisfazer a todos os caprichos de sua imaginação. Sem compromisso profissional algum, o aspecto financeiro de suas peregrinações atrás de Carlota não chegam jamais a preocupá-lo.

José de Alencar não era um adepto das convenções sociais marcadas pelo tempo cronológico, ou seja, hora para fazer isso, horário para fazer aquilo...achava que os seres não podiam ficar submetidos a um aparelho com pequenos ponteiros e que esse ordenasse suas vidas. Isso fica evidente também na obra - Cinco Minutos - devido ao fato do personagem conhecer o amor de sua vida através de um atraso de cinco minutos em relação a sua rotina diária, ou seja, o atraso pode ser benéfico, segundo o autor.

Cinco Minutos é um romance bem curto que conta uma estória de amor contada na cidade do Rio de Janeiro, em meados do século XIX. O autor usa de um artifício para contar essa estória ao leitor: ele finge que está contando o fato a prima dele através de uma carta. Em Cinco Minutos, o narrador-personagem está onipresente da primeira à última página. O titulo do livro chama bastante atenção pelo o nome: Cinco Minutos. A ilustração da capa também chamou a atenção, pois havia uma mulher com uma carta na mão. Na intenção de dar aparência real à sua estória, o autor faz citações precisas de locais e horários e ainda uma mistura de realidade e fantasia, imaginação e romantismo.
O autor (José de Alencar) que participa da obra é um dos maiores escritores de ficção do nosso romantismo e escreveu vários livros que focalizam os diversos aspectos de nossa realidade. Alencar nasceu em Messejana , em 1829, e foi advogado, jornalista e político. Morreu no Rio de Janeiro, em 1877.

Na obra existem dois principais protagonistas... o narrador: que se caracteriza por ser um homem rico e sem profissão que não liga para bens matérias e seu amor Carlota: que é uma moça de 16 anos. Os dois possuem uma coisa em comum... eles são românticos... um personagem antagonista que é a mãe de Carlota e vários outros personagens secundários. O texto é desenvolvido em três cidades : Andaraí (Minas), Rio de Janeiro e Petrópolis. A obra acontece aproximadamente ao tempo cronológico de três meses.

Enfim, o livro relata um pouco da realidade vivida pelo autor envolta em fantasia, imaginação e romantismo.