Cem Anos de Solidão (Gabriel García Márquez)

O livro conta a história de Macondo, uma cidade mítica, e a dos descendentes de seu fundador, José Arádio Buendía, durante um século. Usando recursos do realismo mágico, estilo que ajudaria a difundir a partir de seu lançamento, em 1967, o livro mescla revoluções e fantasmas, incesto, corrupção e loucura, tudo tratado com naturalidade. A história começa quando as coisas não tinham nome e vai até a chegada do telefone. Um comboio carregado de cadáveres. Uma população inteira que perde a memória. Mulheres que se trancam por décadas numa casa escura. Homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas amarelas. São esses alguns dos elementos que compõem o exuberante universo deste romance, no qual se narra a mítica história da cidade de Macondo e de seus inesquecíveis habitantes. Lançado em 1967, Cem Anos de Solidão é tido, por consenso, como uma das obras-primas da literatura latino-americana moderna. O livro logo tornou o colombiano Gabriel García Márquez (1928) uma celebridade mundial; quinze anos depois, em 1982, ele receberia o Prêmio Nobel de Literatura. Aqui o leitor acompanhará as vicissitudes da numerosa descendência da família Buendía ao longo de várias gerações. Todos em luta contra uma realidade truculenta, excessiva, sempre à beira da destruição total. Todos com as paixões à flor da pele. E o "realismo mágico" de García Márquez não dilui a matéria de que trata no caso, a história brutal e às vezes inacreditável dos países latino-americanos. Pelo contrário: só a torna mais viva. Trata-se de um livro que exige grande concentração para a leitura, é uma obra de referência que exige alguma sagacidade. Mas para que possa abrir-lhe o apetite para a leitura do livro digo-lhe isto: de início, é extremamente difícil entrar no mundo irreal de Macondo. Uma pequena vila no meio do nada, cuja existência passa despercebida através do tempo, Macondo encontra-se rodeada por uma bruma de mistério e superstição. Macondo nada tem a ver com o mundo real, não apenas por este ser muito distante, mas também pelo fato de a própria vila se encontrar longe de tudo. A vila e os seus habitantes pararam em um tempo longínquo, e que a existência destes se desenrola envolvida por uma aura mágica livre do peso do evoluir da ciência e da própria vida em geral. Contudo, todos nós conhecemos a força inabalável do progresso... O único contato que Macondo viria a ter com o mundo real seria através de um grupo de ciganos comerciantes, habituados a percorrer o mundo, que certo dia ao atentarem no seu regresso, acidentalmente descobriram Macondo. A partir desta data, todos os anos estes mesmos ciganos se deslocavam até Macondo, onde eram ansiosamente esperados. De todas as vezes que tal acontecia, estes comerciantes surpreendiam os habitantes da vila com as inacreditáveis invenções do mundo moderno causando pânico, especulação, dúvida e admiração entre estes. Será neste recôndito pedaço de terra no meio do vazio, que iremos encontrar uma família peculiar, cujo historial será um dos mais enigmáticos de sempre: a família Buendía, cujas gerações se apresentam irremediavelmente condenadas a cem anos de solidão. Cada membro desta família teria confinado na sua pessoa algum dom ou espécie de poder algo estranho, que os acompanharia ao longo das suas vidas, sendo estas um emaranhado de caminhos tortuosos, onde por diversas ocasiões a solidão se sobreporia à felicidade. Uma de entre muitas particularidades da família Buendía, parece residir no fato de os netos herdarem os nomes dos respectivos avôs ou avós, tornando extremamente difícil, com o decorrer dos anos, identificar as várias “personagens” que vão surgindo. Esta é a história de uma família onde o percurso de cada um dos seus membros é retratado, e onde estes se cruzam deixando marcas indeléveis no percurso de outros, uma família na qual cada geração possui uma forte ligação com aquela que a antecedeu e assim sucessivamente. Todos os Buendía nos soam imortais numa forma através da qual todo o conhecimento e sabedoria de um é passado a outro e a outro, de tal modo que conseguimos reunir num só Buendía, pedaços de “essência” da qual é feita cada um dos outros, os quais o destino tratou de conciliar para todo o sempre. Apenas numa família como esta poderiam sobrinho e tia apaixonar-se irremediavelmente um pelo outro, ou um só homem possuir mais de cem filhos, todos eles apresentando uma marca distinta, o sinal de uma cruz nas suas testas, que um dia viria a ser a morte de quase todos eles, e a felicidade de um só. A história dos Buendía desenrola-se ao longo de inúmeras páginas deliciosas, às quais ninguém ficará decerto indiferente. No final, somente um daquela estirpe existe, Aureliano Babilonia, aquele que lê a história da sua família, escrita cem anos antes, muito antes até da sua própria morte, a qual ele lê. Ao mesmo tempo que Aureliano toma conhecimento da história da sua família, vai morrendo, incapaz de resistir ao sufocante peso de tantas vidas passadas, na sua alma. Ele morre, sabendo que as gerações condenadas a cem anos de solidão, jamais terão outra oportunidade na terra, pois na altura em que Aureliano acaba as últimas páginas, tudo o que alguma vez proporcionou a existência a Macondo seria apagado da memória dos Homens. Neste finalizar da história, os episódios que se materializaram ao longo das várias gerações fundem-se num único, difícil de olvidar. Trata-se da altura em que o pai, José Arcádio Buendía, acompanhado dos seus dois filhos, visita a tenda do cigano Melquíades, para ver a última maravilha que o mundo moderno havia cuidadosamente providenciado. Esta foi a altura em que José Arcádio Buendía e os seus filhos Aureliano e José Buendía viram gelo pela primeira vez.

Esta foi a altura em que José Arcádio Buendía disse: “ Este é o grande invento do nosso tempo!”.

Retrata a saga da família Buendia,em cem anos, na cidade fantástica de Macondo.... O autor, o colombiano Gabriel GARCIA MARQUEZ nasceu em 1928 e é um dos iniciadores do Realismo Fantástico, baseado no pressuposto de que a fantasia é tão real quanto a suposição de um fato. "Cem Anos de Solidão" (romance de 1967) também mistura a normalidade e o fantástico, o real e o sobrenatural de uma maneira típica do Realismo Fantástico e em um estilo de narrativa fragmentada e dispersa, o que é característico do pós-modernismo. O autor satiriza o caudilhismo dos ditadores hispano-americanos. E possui muitos outros romances de peso como "Memórias de Mis Tristes Putas".