Grande sertão de veredas (Guimarães Rosa)


Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas Gerais, conta sua vida de jagunço a um ouvinte não identificado. Trata-se de um monólogo onde a fala do outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. 

Toda a narração é intercalada por vários momentos de reflexão sobre as coisas e os acontecimentos do sertão. O assunto parece sempre girar na existência ou inexistência do diabo, já que Riobaldo parece ter vendido sua alma numa certa ocasião... 

Riobaldo era um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o caminho à bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava: Reinaldo, ou Diadorim. Conhecera-o quando menino e mantinha com ele uma relação que muitas vezes passava de uma simples amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim, perturbava-se com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes. 

Nas longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles homens, que logo começa a mostrar certa confiança por ele. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo perde seu líder: Joca Ramiro acabou sendo traído e assassinado por um dos seus companheiros chamado Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e seus homens por toda aquela árida região. Como o medo da morte e uma curiosidade sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais conta da alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o príncipe das trevas, apesar de não explícito. 

Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que Riobaldo começa a mudar à medida que o combate final contra Hermógenes se aproxima. E a crescente raiva do jagunço só é contida por uma relação mais estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então, o encontro com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata, durante o combate, o grande amigo Diadorim... 

A obra reserva, nas últimas páginas, uma surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe que o velho amigo de aventuras que sempre lhe cativou de uma forma especial era, na verdade, uma mulher.

Alves e Cia (Eça de Queirós)


Alves e Cia. é a firma da qual são sócios Machado e Alves e o título deste "pequeno romance" sobre o adultério e suas consequências.

Quando no dia do Aniversário de Ludovina, esposa de Godofredo (Alves), este a surpreende abraçada a Machado, assim começa a história. Alves perturbado com a surpresa, se retira e Machado foge da sala.

Alves expulsa “Lulu” para a casa do pai (que recebe a notícia feliz com a pensão que receberá junto) e decide que ele e Machado tirarão na sorte quem se suicidaria. Posto que Machado e as testemunhas achem isto ridículo, vai-se decidindo por um duelo de pistolas, logo por um de espadas (porque "não foi tão sério"), e logo por nenhum duelo.

Ludovina viaja com o pai e volta mais tarde. Machado volta a trabalhar num clima seco e frio onde antes havia dois grandes amigos. Já nessa época Alves quer a reconciliação.

O tempo vai passando, Alves se reconcilia com Ludovina e sua amizade com Machado renasce. A firma prospera, Machado se casa, enviúva, se casa novamente.

Ao final de 30 anos, os três são felizes e ainda muito unidos, mas nunca esquecem o episódio lamentável em que se envolveram; Alves sente-se feliz que não se precipitara por um final infeliz!


A Ilustre Casa de Ramires (Eça de Queirós)


A Ilustre Casa de Ramires pertence à terceira fase da produção queirosiana. 

Vazado em estilo apurado, com perfeita técnica narrativa e uma linguagem ora arcaizante, ora próxima da oralidade, retrata dois aspectos da realidade portuguesa: um Portugal do século XIX, de feições modernas, paralelamente a um Portugal do século XII, com a Idade Média lapidando um povo heroico. 

Ambas as épocas são vividas na aldeia de Santa Irinéia e são analisadas a partir da Torre dos Ramires, nobre mansão medieval que serve de ligação entre esses dois tempos. 

I – Situando a narrativa no presente, em terceira pessoa, apresenta como personagem o jovem Ramires, representante de uma nobreza falida econômica e moralmente. 

Gonçalo Mendes Ramires procura meios mais fáceis de arranjar a vida e acaba ingressando na política. Ao mesmo tempo, escreve uma novela histórica sobre seus heroicos antepassados, tendo por base um fado cantado por Videirinha e um poema épico escrito por um de seus tios. 

À medida que a narrativa transcorre, Ramires vai incorporando a honra e a dignidade de seus ancestrais. Empreende uma viagem à África e, depois de reconstruir suas finanças, retorna a Portugal. 

Sobressaem como personagens André Cavaleiro, homem frívolo e indigno, inimigo de Ramires e ex-noivo de Gracinha Ramires, irmã de Gonçalo. 

Depois de vê-la casada com o inocente Barolo, o inescrupuloso Cavaleiro tenta seduzir a moça. 

II – Transfere a narrativa para o passado, tendo como narrador o personagem principal da primeira parte.

No século XII viveu o velho Tructesindo Mendes Ramires, homem de espírito íntegro, rígido e audaz que procura vingar seu filho Lourenço, que ele viu morrer do alto de sua torre, em uma emboscada armada por Lopo de Baião, antigo noivo de sua filha e traidor não somente da família Ramires como do rei D. Sancho I.

Aspectos Relevantes: 

Eça de Queirós foi o mais fecundo autor do século XIX em Portugal, nenhum outro conseguiu suplantá-lo em sua capacidade analítica da sociedade do seu tempo. Sua obra desdobra-se em 03 fases bem nítidas: 

• A primeira de traços nitidamente românticos e timidamente realistas. 

• Uma segunda em que desponta o maduro e teórico escritor do naturalismo em romances como O Primo Basílio. 

• Uma terceira e última na qual o escritor tende a revisitar os exageros de sua vida e críticas pregressas, alça a si o papel de historiador tão típico de sua erudição e se refaz como nacionalista crítico de Portugal em sua história em romances como o analisado em hora, e as Cidades e as Serras.

O recado do morro (Guimarães Rosa)


A história ilustra o mundo sem lei. No sertão, vigora a regra, e não a lei - a regra da aliança e da vingança. Para o autor, estão em jogo ali novamente os destinos da civilização e da cidadania brasileira. 

O recado do morro, os personagens-viajantes se deslocam pelo interior de Minas e por vários campos do saber, ao mesmo tempo em que recontam e decifram antigas estórias, relatos da loucura e mitos anônimos. Nesse conto, uma rede de narradores é estabelecida para passar adiante uma estória que, ao final, ainda é a mesma embora já seja outra. 

O recado do morro, ouvido por Gorgulho, é contado para seu irmão Catraz, que o reconta para o jovem Joãozezim, que o narra para Guégue, o guia que se orienta por referências móveis. A partir daí, o recado vira boato e pode ser ouvido no discurso apocalíptico de Nômini Dômini, nos números inscritos pelo Coletor na parede da igreja, ou na letra cantada ao violão por Laudelim, até que se torna compreendido por seu destinatário, o guia Pedro Orósio, que sempre ouvira as diversas variações da mesma história sem atinar para o fato de que isso era um aviso de sua própria morte. 

Constituído pelas relações cooperativas e desarmônicas entre saber e não-saber - entre aquele que sabe e aquele que não sabe, entre o que cada personagem sabe e as formas como o sabe e o compartilha -, o conto opera com formas e temas não-excludentes, que podem ser verificados pelos frequentes processos de tradução capazes de dar sustentação a uma poderosa estrutura fractal e em rede. 

À medida que a comitiva avança sertão adentro, o recado vai sendo passado de boca em boca a personagens excêntricos: bobos, loucos, lunáticos, fanáticos religiosos e um menino, até chegar aos ouvidos do músico Laudelim, que transforma a mensagem numa canção. Traduzido para a música, o recado é então compreendido por Pedro Orósio, a tempo de receber o aviso do Morro sobre as intenções de seus falsos amigos. 

O morro da Garça, em Minas Gerais, assume papel de destaque no conto, ao enviar mensagem de morte à personagem principal do conto, captada por um visionário sertanejo e afinal percebida a tempo por tal personagem.

Mein Kampf (Adolf Hitler)


Mein Kampf (Adolf Hitler) Na primavera do ano de 1924 na cidade de Munique na Alemanha, um grupo de fanáticos nacionalistas tentaram destituir o poder local, tentativa essa fracassada o que veio a causar a morte e a prisão de seus membros. 

Entre os que foram presos estava um jovem chamado Adolf Hitler, o homem que mudaria a rotina do mundo e se tornaria um dos homens mais importantes da historia. 

Aproveitando o tempo livre na prisão, Hitler resolveu colocar suas ideias no papel e transformá-la em um livro, ideias essas que veremos agora. 

O livro recebeu o titulo de Mein Kampf (Minha luta), nele Hitler resumiu suas ideias de supremacia germânica que nortearam as políticas nazistas, ideias essas que eram e ainda são tidas como a bíblia do Nazismo, onde se trata de forma bastante clara os princípios básicos do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (N.S.D.A.P). Ao ser elaborada a obra foi dividida em duas partes, sendo a primeira para falar sobre o inicio da vida política do autor e para fazer um esclarecimento de suas ideias em ralação a questões raciais, e a segunda parte para dar maiores esclarecimentos em ralação a parte burocrática e política dos nacionais socialistas. 

Hitler inicia a obra descrevendo de forma obscura a sua infância em sua cidade natal Braunau am Inn, na Áustria, próximo da fronteira com a Alemanha. O autor fala sobre a sua paixão pela pintura e pela arquitetura, fala da sua complicada convivência com a figura paterna e da passionalidade de sua progenitora. 

Pela vontade paterna Hitler deveria se transformar em funcionário publico, mais desde cedo ele já demonstrava ser totalmente adverso a funções públicas meramente teóricas. Após a morte de seus pais, Hitler partiu rumo a Viena, capital austríaca, em busca de seu sonho de ser pintor. 

Foi nessa cidade que Hitler conheceu os seus maiores inimigos, que eram o judaísmo, o parlamentarismo e o marxismo. Estas três doutrinas eram tão distintas uma das outras, mas que Hitler insistia em julgá-las como sendo pertencentes a um mesmo grupo, os judeus. 

Hitler defendia que tanto a burguesia parlamentar quanto o proletariado marxista visavam um fim único para o germanismo, fim esse que era a sua total destruição. Durante boa parte do livro o autor critica a conduta internacionalista desses, conduta essa totalmente oposta a sua que era de cunho exclusivamente nacionalista e que visava uma união dos povos germânicos, alegando que um povo da mesma raça (o ariano) tem de viver em um mesmo país. 

Depois de um período em Viena Hitler partiu para a cidade de Munique na Alemanha, onde veio a passar por grandes dificuldades financeiras. Depois de dois anos no país e com a explosão da Grande Guerra Mundial, ele veio a se alistar no exército alemão sendo assim enviado a fronts germânicas exercendo o papel de mensageiro. Com o fim da guerra e a derrota da Alemanha, Hitler foi tomado por uma derrota gigante contra três grupos, que eram a imprensa, o marxismo e o judaísmo, segundo ele os maiores responsáveis pela derrota da Alemanha. 

Contra a imprensa Hitler alegava que ela incitava a covardia em sua população pregando o pacifismo enquanto os soldados lutavam no front. Segundo o autor isso desmotivou os soldados alemães em sua luta, por fazer com que eles julgassem como inútil lutarem por algo que seu próprio povo já não queria mais. 

Contra os marxistas ele criticou o fato de que durante a guerra, de forma oportunista e não patriótica eles terem tentado fazer uma revolução no país (revolução essa que veio causar a morte de Rosa Luxemburgo entre outros comunistas). Segundo Hitler essa tentativa de revolução veio por dividir corações e mentes do país e vindo a desestabilizar o país causando um enfraquecimento no front. 

Por fim, Hitler deixa de utilizar como intermédio o parlamento, o marxismo e a imprensa e passa a direcionar suas críticas diretamente ao judaísmo. Ele cita os judeus como sendo os principais 
responsáveis pela derrota alemã na Grande Guerra, alegando que eles boicotaram a guerra por ela estar causando prejuízo a seus negócios. Segundo Hitler, foram os judeus os responsáveis diretos pela rendição incondicional da Alemanha, agindo eles contra a vontade dos arianos. 

Com o fim da guerra a Alemanha foi humilhada por um tratado pós-guerra chamado Tratado de Versalhes,  onde ela perdeu vários territórios e o direito de constituir um exército. Hitler ficou indignado as penas impostas ao país. 

Passado alguns anos Hitler veio a assistir a uma reunião de um pequeno grupo de fanáticos nacionalistas que estavam no princípio de suas atividades políticas. Esse grupo viria a ser o Partido Nazista. Mesmo um tanto quanto contrariado Hitler veio por ingressar nesse partido. Ele tinha ficado contrariado pelo fato de que ele visava iniciar um novo partido e expor as suas ideias nele, e não aplicá-las em grupos já existentes e que supostamente poderia ter alguns vícios políticos-burocráticos ou influências do judaísmo. 

O autor cita as primeiras reuniões do partido e as tumultuadas brigas que ocorriam entre os seus membros e alguns membros de partidos marxistas. Essas brigas já tinham se tornado costumeiras e cada vez eram mais violentas, vindo sempre a terminar com pessoas internadas em hospitais com ferimentos graves. Devido essas brigas, os nazistas não tinham nenhuma segurança para as sua reuniões. Visando isso Hitler veio a recrutar jovens e homens arianos com portes físicos avantajados para fazer a sua guarda pessoal e a segurança das reuniões batizando-a de Guarda de Assalto. É dessa Guarda de Assalto que foi formada a Waffen – SS, que ficou conhecida mundialmente devido as suas barbáries, em especial contra os judeus, na Segunda Grande Guerra Mundial. 

Hitler fez citações em relação aos sindicatos. Mesmo sendo contra o marxismo e o classismo ele se colocou a favor dos sindicatos, aonde redirecionou a sua forma de pensar em ralação a ele. Hitler afirmava que os sindicatos não deveriam ser extintos mais sim reeducados, passando a visar não os interesses de classes sociais específicas mais sim os interesses do povo ariano como um todo. 

O autor também escreve sobre possíveis alianças da Alemanha pós-guerra, afirmando que só seria possível a aliança de seu país com o país da Itália e com o país da Inglaterra; aliança essas não por motivos ideológicos mais sim por terem um inimigo em comum, ou seja, a França. Hitler gasta muitas páginas fazendo ofensas a França . 

Ele alegava que os franceses visavam invadir a Alemanha pelo oeste, junto ao rio Reno. Segundo ele isso era um perigo para o arianismo germânico devido ao surgimento de franceses com o tom da pele escuro, fruto de suas colonizações em solos africanos. Hitler alegava que esses negros sujariam o sangue dos arianos do oeste alemão. Ele também costumava se dirigir aos franceses classificando-os como um país africano no coração da Europa. Só que mais para a frente Hitler acaba por mostrar o verdadeiro motivo de seu ódio pela França. Era devido a uma resolução do polêmico Tratado de Versalhes que destituiu o território de Tirol do Sul da nação alemã e o entregou aos franceses, o que veio a causar um ódio mórbido e uma frustração em Hitler. 

O autor também cita o seu grande desprezo pelo país russo e pelo seu povo, alegando que por serem marxistas não eram dignos de confiança, tornando assim impraticável uma aliança com eles. Como sabemos, durante a Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler e o líder soviético Joseph Stalin assinaram um pacto de não agressão entre os países da Alemanha e da União Soviética (Rússia), acabando por assim entrarem em contradição com o que havia escrito em seu livro. 

No final do livro ele cita suas ideias em relação a pequena dimensão territorial de seu país, alegando que as dimensões dos países eram fruto do acaso e que não era justo ao povo germânico a vivência em um território tão diminuto, enquanto os russos viviam em um territórios de dimensões gigantescas. 

Foi com esse pensamento que Adolf Hitler iniciou a sua expansão territorial, expansão essa que veio a ser a grande causa da terrível Segunda Grande Guerra Mundial. 

Nessa leitura do livro Mein Kampf, a ênfase é aos aspectos políticos, em vez das questões raciais por julgar que foram os aspectos políticos as causas mais influentes no processo de conduta do Partido Nazista, partido esse norteado por doutrinas dominantes e imperialistas, tendo como seu líder e mentor intelectual o megalomaníaco Adolf Hitler, um homem que visava dominar o mundo através da força e impor a todos o seu poder. 

Hitler não foi um gênio, Hitler não foi um louco, foi um ótimo orador que visou manipular uma nação inteira alegando interesses nacionais mas que visavam somente os seus interesses pessoais.

Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Amanhecer (Stephenie Meyer)

Crepúsculo 

Isabella Swan, 17 anos, nunca havia vivido grandes emoções em sua vida. Sendo uma jovem extremamente responsável, tímida e introspectiva, decide mudar-se da calorosa cidade de Phoenix, no Arizona, para a chuvosa Forks, uma pequena cidade no interior de Washington, depois que sua mãe decide casar-se novamente. É ali que Bella irá morar com seu pai, Charlie, e é em sua nova escola que conhece os Cullen, cinco intrigantes jovens de uma beleza desumana. É neste mistério que caracteriza a família, que Bella se vê atraída pelo misterioso Edward Cullen, jovem pálido e de cabelos cor de bronze que mostrará um novo universo a Bella, transformando completamente o rumo da sua vida. Edward trata-se de um vampiro, que acaba por se apaixonar por Bella enquanto controla e resiste a um dos seus maiores desejos - provar o sangue de Bella que, segundo ele, exala o odor mais atrativo que já sentiu. No entanto, ao contrário dos outros vampiros, os Cullen optam por só se alimentar de sangue animal. Edward vem de uma família de vampiros que se diz "vegetariana" por não ingerir sangue de pessoas, mas apenas de animais. 

É então que James, um vampiro obcecado por caçadas - que, juntamente com o seu grupo composto por ele, Victoria e Laurent foi o culpado de inexplicáveis homicídios -, se determina a matar Bella, uma vez que não resiste ao cheiro do seu sangue. Ela despede-se de Charlie e vai para Phoenix - tudo muito cuidadosamente para não serem rastreados por James. 

Bella vai com Alice e Jasper para Phoenix, enquanto Rosalie e Esme ficam para despistar Victoria (a vampira que acompanhava James) e Carlisle, Emmett e Edward vão atrás deste, para tentar matá-lo. Enquanto Bella está em Phoenix, Alice tem uma visão com a casa da mãe de Bella e o estúdio de balé onde Bella tinha aulas com 7/8 anos. Bella, sem que eles percebam, recebe um telefonema que a faz pensar que o inimigo capturou a sua mãe, e isso faz com que ela fuja para ir ao encontro de James. A fuga acontece no aeroporto, enquanto Bella, Alice e Jasper esperam por Edward e Carlisle. Ela vai ao encontro de James. James, que por sua vez não havia capturado a mãe de Bella, a tortura e por pouco não a mata. James a morde, mas Edward aparece para salvar Bella. Enquanto Edward trava uma luta mortal com James, Bella fica inconsciente e começa a se transformar em vampira. Quando ela acorda, está no hospital e Edward conta que teve que sugar o veneno de seu sangue, e que se fosse um pouco mais tarde agora ela seria um deles. Porém, Bella deseja tornar-se uma vampira para viver a eternidade com Edward, mas ele se recusa a transformá-la. 

Lua Nova 

É 13 de Setembro, um dos dias mais temidos por Bella, por ser seu aniversário. Ela detesta este dia porque completa 18 anos e será sempre mais velha que Edward. Contra a sua vontade, Alice Cullen prepara uma festa surpresa. Ao abrir um presente, Bella corta-se acidentalmente com o papel e Jasper, o vampiro com mais dificuldade em se conter ao cheiro de sangue, não consegue evitar e tenta atacá-la. É por esse motivo que Edward e sua família vão embora de Forks; ele teme que esteja colocando a vida dela em perigo. Bella entra em uma depressão profunda por vários meses depois que ele parte, até que ela desenvolve uma forte amizade com Jacob Black, que mais tarde se revela um lobisomem. Jacob e os outros lobisomens de sua vila devem protegê-la de Victoria, uma vampira má que pretende se vingar de Edward matando Bella, por ele ter acabado com James. 

Com os acontecimentos, descobre que quando está em perigo, ou quando sente adrenalina, escuta a voz de Edward, que ela julga ser uma alucinação, falando dentro de sua cabeça. Para nunca esquecer a voz dele, envolve-se em perigosas atividades, como pilotar motos. Procurando pelo perigo, Bella se atira de um penhasco e quase se afoga no mar, mas é salva por Jacob. Alice vê Bella atirar-se do penhasco e Edward pensa que Bella está realmente morta. Desesperado, ele decide então acabar com sua existência, apelando para os Volturi, um grupo que representa espécie de "realeza" entre os vampiros e aplica "leis" para manter sua espécie em segredo. Ele vai à Volterra, Itália, procurando pelos Volturi, mas Bella o detém. 

Eles se encontram com os Volturi antes de retornarem para Forks e Aro, seu líder, demonstra um interesse especial em Bella por ter sua alma impenetrável e, considerando que seu conhecimento sobre os vampiros pode colocar sua espécie em perigo, exige que ela seja morta ou transformada em vampira também. 

Eclipse 

Em Eclipse, Bella se vê em uma decisão um tanto difícil: escolher seu amigo e lobo Jacob Black ou seu namorado-vampiro Edward Cullen para passar o resto de sua vida. Ambos estão em constantes discussões, por causa de Bella ou porque os vampiros e os lobos são inimigos mortais desde sempre.

Estranhas mortes acontecem em Seattle, uma cidade perto de Forks, e os Cullen acreditam ser causadas por um exército de vampiros "recém-criados". Edward Cullen está mais alerta que nunca com relação à segurança de Isabella Swan. Enquanto os Cullen vêem este problema como uma desculpa para receberem uma visita dos Volturi, Bella preocupa-se mais em escolher entre a sua amizade com Jacob Black (permanecendo humana, mas entregue ao castigo dos Volturi por ser a única humana a saber sobre a existência de vampiros) e o amor que sente por Edward (sendo transformada numa vampira). Sabe que se fosse transformada iria originar uma batalha entre lobisomens e vampiros, já que os Cullen haviam se comprometido com eles a não morder nenhum ser humano, pondo a sua nova família e os seus antigos amigos em risco. 

Bella desconfia de que Victoria é a criadora dos novos-vampiros e, posteriormente, descobre que estava certa. Edward pede Bella em casamento, e Bella aceita. O próprio Edward acha que não merece Bella, mas no fim Bella escolhe ele e, com apenas 18 anos, fica noiva no fim do livro. Uma batalha para proteger a adolescente começa. Os lobisomens aliam-se aos Cullen e Victoria é morta. Os Volturi aparecem e Carlisle garante para eles que a transformação de Bella em uma vampira aconteceria em breve. 

Amanhecer 

Bella e Edward se casam e passam a lua-de-mel em uma ilha do Atlântico, próxima ao Rio de Janeiro, mas eles voltam repentinamente, pois Bella descobre que está grávida. Edward tem medo de que a criatura mate Bella, e não quer que o bebê nasça. Ela, no entanto, quer ter o filho. Então pede ajuda a Rosalie e ela cuida para que ninguém ousa abortar o bebê de Bella durante a gravidez. O bebê representa uma "ameaça" para os Lobisomens, pois não sabem que criatura irá nascer e que tipo de perigo representa. A alcateia planeja destruí-la antes que ela nasça, e consequentemente, Bella morra. Jacob não aceita isso e fica contra a alcateia. O bebê acaba por machucar Bella apenas por se mexer, a medida que a gestação avança, e logo os Cullen descobrem que devem alimentar Bella com sangue para que a criança se alimente e não a mate, e ela segue a instrução. A gestação dura pouquíssimo tempo, a criança nasce, mas Bella não resiste e morre, mesmo Edward a mordendo e por injeções injetando seu veneno. 

Só depois de considerada morta, Bella começa a se transformar em uma vampira. Ela descobre que pode controlar seus desejos por sangue melhor do que se esperava de um vampiro recém-criado. A criança é uma menina, diferente do que Bella pensava, e recebe o nome de Renesmee (junção dos nomes Renée e Esme) Carlie (junção dos nomes Charlie e Carlisle) Cullen. Jacob não aguenta ouvir Emmett e Rosalie falando a todo momento sobre se mudar e percebe que o maior problema é Charlie. Sendo assim, conta ao pai de Bella, sobre o mundo sobrenatural. Charlie pede a Jacob que não o conte todos os detalhes, só o necessário. Jacob sofre imprinting com Renesmee (que é algo mais forte que o amor entre almas gêmeas, que ele descreve "como se o centro de gravidade deixasse de ser Terra e passasse a ser Renesmee", no caso dele). 

Alice vê que os Volturi estão vindo para matar Renesmee, acreditando que ela era uma criança que havia sido transformada em vampiro - algo estritamente proibido -, por causa do depoimento de Irina Denali. Alice vai embora com Jasper logo depois. Carlisle, Esme, Rosalie e Emmett viajam para chamarem todos os vampiros que conhecem, com a intenção de fazer os Volturi pararem para ouvir a real explicação da origem de Renesmee. Todos esperam na mansão Cullen até que os Volturi chegam. Bella descobre que tem o poder de criar um escudo em volta de si, e protege a família e amigos durante o confronto. Irina é morta por Caius, que não aceitava que não houvesse batalha. 

Quando os Cullen, seus amigos, os Lobisomens e os Volturi estão frente a frente e a batalha parece iminente, Alice aparece, trazendo outro meio-vampiro meio-humano para provar que não há problema em deixar Renesmee viver. Os Volturi, com um pouco de relutância, vão embora. No fim, tudo acaba bem.

Amar Verbo Intransitivo (Mário de Andrade)


Este romance é definido pelo autor como Idílio (s. m. Pequena composição poética, campestre ou pastoril; amor simples e terno; sonho; devaneio.) e abusa das técnicas modernas, usando uma linguagem coloquial, perto do falar brasileiro (por exemplo, começando frases por pronomes oblíquos), sem capítulos definidos, prosa telegráfica, expressionismo, construído através de flashes, resgatando o passado ou fixando o presente. 

Publicado em 1927, o Idílio causou impacto. Desafiou preconceitos, inovou na técnica narrativa. 

Sem nenhum preâmbulo, Souza Costa e Elza surgem no livro. Souza Costa é o pai de uma típica família burguesa paulista do início do século. Elza, uma alemã que tinha por profissão iniciar sexualmente os jovens: Professora de amor. 

Souza Costa contrata os "serviços" de Elza (que por todo o livro é tratada por Fraulein - senhora em alemão) com o intuito de que seu filho inicie sua vida sexual de forma limpa, asséptica, sem se "sujar" com prostitutas e aproveitadoras. Ela afirma naturalmente que é uma profissional, séria, e que não gostaria de ser tomada como aventureira. Oficialmente, Fraulein seria a professora de alemão e piano da família Souza Costa. 

Carlos aparece brincando com as irmãs, ainda muito "menino". Fraulein se ressente por não prender a atenção de Carlos no início, ele era muito disperso, mas gradualmente vai envolvendo-o na sua sedução. Eles tinham todas as tardes aulas de alemão e cada vez mais Carlos se esforçava para aprender (o alemão) e aguardava ansioso as aulas. 

Fraulein, em momentos de devaneios, criticava os modos dos latinos, se sentia uma raça superior, admirava e lia incessantemente os clássicos alemães, Goethe, Schiller e Wagner. Compreendia o expressionismo, mas voltava à Goethe e Schiller. A esposa de Souza Costa, vendo as intimidades do filho para com ela, resolve falar com Elza e pedir para que deixem a família. Fraulein esclarece seu propósito de forma incrivelmente natural, e após uma conversa com o marido, a mãe decide que é melhor para seu filho que ela continuasse com suas lições. 

O livro é permeado de digressões. Mário de Andrade frequentemente justifica alguns pontos (antes que o critiquem), analisa fatos, alude à psicologia, à música e até mesmo à Castro Alves e Gonçalves Dias. Mário compara a vida dos estrangeiros nos trópicos, entre Fraulein e um copeiro japonês. Mostra a dicotomia de pensamento de Fraulein entre o homem-da-vida (prático, interessado no dinheiro do serviço) simbolizado por Bismarck - responsável pela unificação da Alemanha em 1870 à ferro e fogo e Wagner, retratando o homem-do-sonho. O homem-do-sonho representa seus desejos, suas vontades, voltar a terra natal, casar e levar uma vida normal. Mas quem vence em Fraulein é o homem-da-vida, que permite que ela continue o serviço sem se questionar. 

Carlos após ter tido a aula mestra, começa a viciar-se em "estudar". Certamente a didática de Fraulein era muito boa. Era tempo para Fraulein se despedir, tendo este trabalho concluído. Ela sabia que os afastamentos eram sempre seguidos de muitos protestos e gritos. Souza Costa surpreende Carlos com Fraulein (tudo já armado) e utiliza-se deste pretexto para separá-los. Carlos reage, defende Fraulein, mas fica aturdido diante do argumento do pai: e se ele tivesse um filho? Ainda relutante, ele deixa-a ir. 

Depois de algumas semanas apático, Carlos volta a viver normal. O livro acaba, mas continua. Escreve Mário de Andrade - "E o idílio de Fraulein realmente acaba aqui. O idílio dos dois. O livro está acabado. Fim. (...) O idílio acabou. Porém se quiserem seguir Carlos mais um poucadinho, voltemos para a avenida Higienópolis. Eu volto." 

Após se recuperar, Carlos avista acidentalmente Fraulein, já em um novo trabalho, e apenas saudou-a com a cabeça. A vida continua para Carlos. Fraulein ainda iria seguir com 2 ou mais trabalhos para voltar à sua terra.

Tudo o que vi e vivi (Rosane Malta)


João Alvino mata Brandão, pai de Rosane Malta, nordestina e alagoana foi o primeiro prefeito da cidade Canapi. Ele fora eleito em 1962. Rosane o definia como um homem calmo e que ajudava os outros. 

Rosane era uma garota normal como todas da sua idade, estudiosa e tinha horários estabelecidos para chegar de alguma festa em casa. Um dia em uma dessas festas, ela conheceu Fernando, ela tinha 15 e ele 30. Ele disse para ela que ela era a garota mais bonita da festa. 

Depois disso os dois começaram um namoro, mas tão logo o pai dela soube, ele foi procurá-la para se opor ao namoro, obrigando-a a se separar de Fernando, caso contrário, ela seria internada em um colégio interno. E assim, Rosane terminou o namoro e então conheceu Marcelo, um garoto em que ela chegou a namorar por quatro anos. 

Passado um tempo, ela terminou com Marcelo e voltou a namorar Fernando. Logo, logo, Fernando foi à casa de Rosane e pediu ao pai dela a filha em casamento. O pai não queria por ela ainda ser muito nova, mas com a insistência dos dois, acabou cedendo e o casamento aconteceu em 1984. 

No começo a rotina dos dois era diferenciada e eles até tiveram alguns conflitos por causa disso. E Fernando não se dava bem com a família dele, principalmente com o irmão dele, o Pedro, casado com Thereza, essa a qual Rosane também não gostava pois achava que ela era apaixonada por Fernando. 

Porém Fernando gostava mesmo é de Rosane e era muito atencioso, sempre lhe oferecendo surpresas e presentes, como um carro de luxo fabricado no Brasil, o “Landau” e ainda um relógio, o “Rolex de ouro’, todo cravejado com diamantes. 

Fernando conseguiu dinheiro para a sua campanha ao governo de Alagoas, quando Paulo César Farias, o PC, chegou para ser o caixa da campanha. Fernando montou uma pequena produtora para si, contratando a agência do publicitário Duda Mendonça. Rosane diz que Fernando realmente, ao contrário dos outros políticos gostava mesmo do povo e se preocupava com eles, e isso era realmente de verdade, segundo ela. 

Fernando foi eleito governador e sua próxima meta seria ser presidente! Um fato contribuiu para a eleição de Fernando: Fernando apareceu como um personagem novo, com ideias diferentes para um país cansado das mesmas caras e com desejos de mudança. Pc Farias era o braço direito de Fernando.

Porém durante a campanha, Fernando ficou sabendo que o empresário Silvio Santos, dono do SBT, estaria no páreo, também disputando a campanha pela presidência. Fernando ficou louco de raiva e acabou recorrendo a magia negra. Para se ver livre do concorrente, Fernando encomendou um trabalho com a mãe de santo Maria Cecília da Silva, e coincidentemente ou não, a candidatura de Silvio Santos foi impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral. 

Depois de Presidente do Brasil, Fernando e Rosane foram morar na Casa da Dinda, uma casa pertencente à mãe de Fernando, dona Leda. Eles passaram a ter muitos compromissos, viagens e eventos. Rosane conta maravilhada das viagens, das pessoas políticas dos países em que passaram e que ela gostara muito como Fidel Castro em Cuba e a princesa Diana, esposa de Charles na época.

Rosane se formou em administração de empresas e trabalhava na LBA, entidade criada por Darcy Vargas, esposa de Getúlio Vargas para ajudar as famílias de soldados que serviram na segunda guerra mundial. Logo Rosane se tornou a presidente da LBA. Houve muitas irregularidades contra a LBA, mas Rosane se diz inocente, sem nunca ter tido conhecimento.

Em 16 de março de 1990, Fernando e sua ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello anunciaram o plano econômico para reestruturar a economia: eles abririam a economia do país facilitando as importações. E haveria uma nova moeda, o cruzeiro. Mas Rosane diz que não sabia que haveria o confisco da poupança. . O confisco pretendia reduzir a quantidade de moeda circulando no mercado e, assim, conter os preços. 

Fernando já começou a sofrer incredibilidade quando Zélia começou a escancarar um namoro com outro ministro casado. Depois, em 1990, começaram rumores de que havia irregularidades na participação do ex-tesoureiro Paulo César Farias. Renan Calheiros também fez ataques ao vínculo de Collor com PC. E nessa fase em que Pedro já tinha muita inveja de Fernando, houve o começo da maior briga entre os irmãos. Fernando resolveu criar o seu próprio jornal A Tribuna de Alagoas concorrendo com o jornal da família Collor. O caçula temia que a Tribuna tomasse o mercado e os funcionários da Gazeta, e cobrava do irmão uma postura enérgica, pois sabia que PC era seu braço direito. Fernando se negou a fazer qualquer coisa, o que deixou Pedro furioso. E os irmãos brigavam até que Dona Leda pediu a Pedro que parasse. Como o filho não aceitou, ela o destituiu do comando das empresas. 

Uma semana depois, a revista Veja publicou uma entrevista e trechos de declarações que Pedro gravou em um vídeo contra Fernando e PC. Nesse vídeo ele acusou PC de fazer negócios para sustentar a campanha de Fernando. E depois com Fernando já presidente, Pedro disse que Fernando tinha um apartamento em Paris, disse que alguma fonte do PC pagava as contas pessoais de Fernando, disse que o PC pagava com cartões de crédito as contas da primeira dama Rosane Collor. Disse ainda que Fernando usava drogas como a cocaína e o induziu a usar também na adolescência. Isso se transformou em um escândalo nacional. 

A situação ficou ainda mais complicada quando Eriberto Freire França, motorista que servia a presidência, deu uma entrevista para a revista Isto É contando que havia uma conta fantasma movimentada por Ana Acioli, secretária de Fernando, com dinheiro de PC para pagar as contas da Casa da Dinda. Dona leda ficou tão nervosa com o filho Pedro que tomou até um medicamento errado, tendo como consequência parada cardíaca e sendo internada em uma UTI. 

E o povo começou a se vestir de preto indo para as ruas com muitas manifestações. Quando houve a votação na câmara, foi 441 votos a 38, e a Câmara determinou o “afastamento temporário do presidente” e autorizou o Senado a abrir um processo contra ele por crimes de responsabilidade. Quando Fernando chegou em casa, chorou e chorou muito. 

Com o afastamento de Fernando, Itamar Franco, seu vice, tomou posse. No dia estabelecido para a sessão de impeachment, Rosane diz que convenceu Fernando a renunciar, o qual foi feito por carta uma hora depois da sessão ter começado. Apesar da renúncia, o Congresso deu continuidade ao julgamento e Fernando ficou inelegível por oito anos. 

Depois disso Fernando ficou depressivo, e também se enfureceu quando o deputado Cleto Falcão dera uma entrevista à revista Veja, em que afirmava receber ajuda de “amigos” para cobrir o alto custo de vida de Fernando, que incluía uma casa à beira do Lago Norte com píer, jet-skis e ovelhas. Na reportagem publicada pela revista, o líder do PRN na Câmara deu o nome de um desses “amigos”: Paulo César Farias. 

Em dezembro de 1994, Pedro Collor faleceu por causa do câncer no cérebro que ele tinha. 

Um tempo depois o Supremo Tribunal Federal absolveu Fernando das acusações de corrupção passiva. Em uma viagem do casal para Miami, Fernando ficou sabendo que dona Leda morrera, pois ela já estava inconsciente no hospital desde a briga com os irmãos. 

Em um dos passeios em Taiti, Fernando e Rosane ficaram sabendo da morte do PC Farias no Brasil. Em junho de 1993, com sua prisão preventiva decretada, PC fugira da Polícia Federal para a Argentina. Meses depois, foi encontrado por um repórter em Londres, ocasião em que chegou a dar uma entrevista para o Jornal Nacional, da TV Globo. Novamente, PC teve sua prisão preventiva decretada, dessa vez pela polícia britânica, mas fugiu para Bangcoc. Foi finalmente capturado no fim daquele ano por policiais tailandeses e levado de volta ao Brasil, onde ficou preso primeiro em Brasília e depois em Maceió. Enquanto estava preso, sua mulher, Elma, morreu. Um pouco antes disso, ela dera uma entrevista afirmando que de todo o dinheiro captado pelo marido nas negociações ilícitas durante o governo Collor, 30% ficava para PC e 70% com o “chefe”, se referindo a Fernando.

Meses depois de ficar viúvo, ainda na prisão, PC conheceu Suzana Marcolino, uma garota que foi levada até ele por uma de suas funcionárias. Os dois começaram a namorar. Quando foi libertado, em dezembro de 1995, ele e a moça foram viver juntos. Parece que tudo ia bem até que PC conheceu outra mulher e Suzana teve ciúme. No dia 23 de junho, o casal foi encontrado morto sobre a cama de PC na casa de praia dele, em Guaxuma, Maceió, cada um com um tiro. O julgamento que pretendia solucionar a morte dos dois levou dezessete anos para ser concluído e, ainda assim, nunca se chegou a um culpado. 

Fernando e Rosane voltaram para o Brasil e alugaram uma casa em São Paulo. Com isso, precisavam comprar outra casa e Fernando vendeu a casa de Miami que estava no nome dos dois. Rosane pedira antes que Fernando lhe desse a metade do dinheiro da casa e Fernando concordou. 

Em 12 de outubro de 1992, um helicóptero que fazia um voo entre São Paulo e Angra dos Reis (RJ) caiu e desapareceu no mar. Dentro dele estavam o deputado Ulysses Guimarães e sua mulher, além de outros passageiros e, claro, o piloto. Apesar de todas as buscas, o seu corpo nunca foi encontrado. Fernando achou que Ulisses recebera de volta o mal que fizera a ele. 

Rosane passou por uma fase de depressão, ainda mais quando sua mãe veio a falecer. E o relacionamento entre ela e Fernando já estava “por um fio”. E isso veio a se complicar ainda mais quando Fernando revelou que quando se casou com Rosane (ela era de menor), ela assinou documentos sem saber em que abria mão de tudo o que era dele, ou seja, eles se casaram com separação total de bens! 

Um dia, mesmo muito chateada com Fernando, Rosane viajou para fazer uma surpresa à ele. Chegando lá, disseram que Fernando havia ido para o Recife. Depois disso Rosane nunca mais viu Fernando. Este arrumara uma outra mulher a qual já estava dormindo com ela e mandou entregar em Maceió as coisas de Rosane em um caminhão (exceto as joias) que ela tinha. Fernando ainda limpara as contas de Rosane e bloqueara todos os seus cartões de crédito. 

Depois de todos esses golpes, Rosane se afundou ainda mais em depressão. Durante alguns meses, ela só chorava, gritava: Por que isso está acontecendo, meu Deus? Rosane sofria muito ao ponto de ter tomado vários remédios para se matar. Por sorte ela sobreviveu e nesse tempo aceitou Jesus em uma igreja evangélica. 

Desde a separação os jornalistas queriam saber para onde foram o dinheiro que Paulo César Farias tinha enviado ao exterior. Na época ele foi acusado de cobrar muito dinheiro de empresários para que eles pudessem conquistar ou manter contratos com o governo. Segundo as estimativas mais exageradas, ele teria enviado para o exterior 1 bilhão de dólares que foram angariados dessa maneira. Avaliações mais ponderadas falam em 400 milhões de dólares, ainda assim uma quantia considerável. PC foi condenado em 1994 por sonegação fiscal e falsidade ideológica, mas foi absolvido da denúncia de corrupção. No total, ele passou um ano e meio na cadeia. Fernando, porém, foi absolvido de todas as acusações. Rosane se diz ter sido sempre ingênua e desconhecer qualquer conta fantasma, que nunca procurava saber desses assuntos. 

Já fazem dez anos (atuais) que Rosane e Fernando vivem em uma separação litigiosa. Ela lutando por seus direitos que tem por ter ajudado Fernando por muitos anos com apoios e tudo mais, ela se justifica que ainda era casada com Fernando quando ele comprou as ações de sua família, a Organização Arnon de Mello, e por aí vai... 

Até os últimos dias com Fernando Rosane presenciara Fernando que continuava com a mãe de santo Maria Cecília, que fazia trabalhos com matanças de animais até mesmo onde moravam, diante da piscina. 

Fernando se elegeu senador em 2006 e suas empresas vão muito bem, está riquíssimo. Mas Rosane diz que Fernando parece ainda gostar dela e que casou novamente sem amor pois não a deixa em paz, enquanto para ela essa história se acabou de vez! 

Rosane termina o livro dizendo que seu objetivo é lutar pelos seus objetivos e ajudar mulheres que também passam por esse tipo de problema. O livro termina também com várias fotografias de Rosane em família, amigos e inclusive com Fernando!

A filha (Aghata Christie)


"A Filha" é mais um daqueles seis romances que Agatha publicou usando nome fictício. Tem como protagonistas Ann Prentice, uma típica mãe apaixonada pela filha, e esta, de nome Sarah. 

Durante a ausência da filha, Ann conhece Richard Cauldfield, que lhe pede em casamento. Mas quando retorna, Sarah desaprova a ideia e tomada de ciúmes, faz o possível para separá-los. Depois de inúmeras e insuportáveis discussões entre padrasto e enteada, Ann é obrigada a optar entre a filha e o namorado e fica ao lado de Sarah, quando jamais quis afastar-se de Richard. 

Quando Sarah também perde contato com seu namorado, decide-se que uma profunda mudança deve ser operada na residência das Prentices. Mãe e filha passam a frequentar os mesmos lugares e fazer as mesmas coisas. É então que Sarah conhece o rico e nada-feio - porém de muito má reputação - Lawrence Steene, com quem casa-se mais tarde, "a conselho de Ann". 

Mas tanto Ann quanto Sarah, a despeito de tantas mudanças, são infelizes. Abre-se entre elas um abismo que as afasta cada vez mais, sobretudo após uma discussão sobre o péssimo andamento do casamento de Sarah e o estado deplorável em que a saúde dela se encontra. A discussão as deixa brigadas e ainda mais distanciadas. 

Mas só para quem é filha, entende o drama da mãe, e para quem é mãe entende o drama da filha, e para quem assiste ao drama, se sente Dame Laura, a personagem que sabe tudo, não quer opinar, pois parece ser um cientista assistindo pelo microscópio o drama alheio... 

O egoísmo do ser humano é retratado com dureza, e assim percebemos o quanto falta de diálogo entre pais e filhos e o quanto as pessoas "perdem tempo" em busca de uma felicidade fora de si...

O segredo do meu marido (Liane Moriarty)


"O segredo do meu marido" foi um livro que chamou minha atenção logo pela capa, isso sem falar nas resenhas positivas. 

O livro é divido entre três personagens principais: Tess, Rachel Crowley e Cecília. Ambas mulheres com personalidade forte e bem construídas. 

Tess é uma mulher que morre de medo do convívio social. Mas apesar de conviver com essa “fobia”, ela considera que tem uma boa vida e que é feliz, pois tem seu próprio negócio, um filho lindo chamado Liam e é super bem casada. O problema é que a vida a pega de surpresa: ela acaba de ser comunicada que sua melhor amiga e prima está tendo um caso com seu marido Will. Eles três trabalham no mesmo negócio e ela nunca desconfiou que pudesse estar sendo traída. Tesse era gerente de comunicação e marketing, Will era diretor criativo de uma agência de publicidade e Felicity era designer. Felicity e Will estavam se apaixonando. Sem saber como agir com essa novidade ela resolve voltar para a casa de sua mãe onde acaba encontrando pessoas que fizeram parte do seu passado. Chegando a sua cidade natal Tess resolve matricular Liam na escola St. Angela em que ela estudava de maneira provisória. Nesta escola trabalha Rachel (a outra personagem), e também trabalha Connor Whitby como professor de educação física. Este tinha sido no passado namorado de Tess e também chegou a namorar a Janie (a filha de Rachel) em sua juventude. Com o tempo, Tess chateada com o relacionamento do marido dela com Felicity resolve também ter relação sexual com Connor Whitby, seu ex- namorado que ela reencontrou. 

Rachel é uma pessoa amargurada pois não consegue se livrar do fantasma da morte de sua filha. Janie foi assassinada há muitos anos atrás e depois disso a vida de Rachel virou um terrível pesadelo. Logo depois da morte de sua filha ela se afastou completamente de seu filho e seu marido acaba falecendo pouco tempo depois. Rachel vive como uma pessoa que espera a morte lhe levar. Sua única alegria é seu pequeno neto Jacob, mas ela acaba de receber a notícia que seu filho Rob, sua nora Lauren e o neto Jacob iriam se mudar para Nova York por que sua nora fora promovida. 

Cecília tem a vida que sempre sonhou é casada com John-Paul e tem três lindas filhas Isabel, Polly e Esther. Apesar de ser dona de casa e cuidar das filhas, ela ainda consegue ser a melhor vendedora de Tupperware. Mas, ela começa a perceber que seu casamento está ficando meio “sem sal”. Cecília queria mais emoção. Um dia ela vai no sótão procurar um pedaço do muro de Berlim que comprou como lembrança de uma viagem que fez quando jovem, então ela dá de cara com uma carta com seu nome dizendo que só poderia ser aberta após a morte de seu marido. O mais estranho disso tudo é que John-Paul está vivo e ela não tem ideia do motivo pelo qual ele escreveria aquela carta. Cecília liga para seu marido para dizer que achou a carta e ele implora que ela não a abra. Como Cecília nunca teve motivos para desconfiar de seu marido, ela acaba não abrindo a carta imediatamente. 

Porém, em um dia, por vias de fato, Cecília resolve abrir a carta e ler o seu conteúdo. Para a sua surpresa, ela não acreditou no que leu.... [ a revelação do segredo não pode ser contada aqui pois segredo é segredo, então o leitor precisa ler para saber... rsrs]. 

A autora consegue desenvolver muito bem a história e só aí entendemos a ligação das três personagens. "O Segredo do Meu Marido" é um livro interessantíssimo. Ele mostra que todas as pessoas tem segredos e que isso pode ser saudável ou não, mas nunca iremos saber o que ocorreria se o contrário ocorresse. Ainda sim, no final temos algumas demonstrações de "perdão" em prol de bens maiores. 

"Nenhum de nós conhece todos os possíveis cursos que nossas vidas poderiam ter tomado. E provavelmente é melhor assim. Alguns segredos devem ficar guardados para sempre”.

Negrinha (Monteiro Lobato)


Negrinha é narrativa em terceira pessoa, impregnada de uma carga emocional muito forte. Sem dúvida alguma é conto invejável: "Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças." 

D. Inácia era viúva sem filhos e não suportava choro de crianças. Se Negrinha, bebezinho, chorava nos braços da mãe, a mulher gritava: "Quem é a peste que está chorando aí?" A mãe, desesperada, abafava o choro do bebê, e afastando-se com ela para os fundos da casa, torcia-lhe beliscões desesperados. O choro não era sem razão: era fome, era frio: “Assim cresceu “Negrinha”, magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a ideia dos grandes. 

Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra, provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com pretexto de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta. - Sentadinha aí e bico, hein?" Ela ficava imóvel, a coitadinha. Seu único divertimento era ver o cuco sair do relógio, de hora em hora. 

Ensinaram Negrinha a fazer crochê e lá ficava ela espichando trancinhas sem fim... Nunca tivera uma palavra sequer de carinho e os apelidos que lhe davam eram os mais diversos: pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata choca, pinto gorado, mosca morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa ruim, lixo. Foi chamada bubônica, por causa da peste que grassava... "O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De passagem. Coisa de rir e ver a careta..."

D. Inácia era má demais e apesar da Abolição já ter sido proclamada, conservava em casa Negrinha para aliviar-se com "uma boa roda de cocres bem fincados!..." Uma criada furtou um pedaço de carne ao prato de Negrinha e a menina xingou-a com os mesmos nomes com os quais a xingavam todos os dias. Sabendo do caso, D. Inácia tomou providências: mandou cozinhar um ovo e, tirando-o da água fervente, colocou-o na boca da menina. Não bastasse isso, amordaçou-a com as mãos, o urro abafado da menina saindo pelo nariz... O padre chegava naquele instante e D. Inácia fala com ele sobre o quanto cansa ser caridosa... 

Em um certo dezembro, vieram passar as férias na fazenda duas sobrinhas de D. Inácia: lindas, rechonchudas, louras, "criadas em ninho de plumas." E negrinha viu-as irromperem pela sala, saltitantes e felizes, viu também Inácia sorrir quando as via brincar. Negrinha arregalava os olhos: havia um cavalinho de pau, uma boneca loura, de louça. Interrogada se nunca havia visto uma boneca, a menina disse que não... e pôde, então, pegar aquele serzinho angelical : "E muito sem jeito, como quem pega o Senhor Menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços d'olhos para a porta. Fora de si, literalmente..." Teve medo quando viu a patroa, mas D. Inácia, diante da surpresa das meninas que mal acreditavam que Negrinha nunca tivesse visto uma boneca, deixou-a em paz, permitiu que ela brincasse também no jardim. 

Negrinha tomou consciência do mundo e da alegria, deixara de ser uma coisa humana, vibrava e sentia. Mas se foram as meninas, a boneca também se foi e a casa caiu na mesmice de sempre. Sabedora do que tinha sido a vida, a alma desabrochada, Negrinha caiu em tristeza profunda e morreu, assim, de repente: "Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos..." 

No final da narrativa, o narrador nos alerta: "E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas. - "Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?" Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia: - "Como era boa para um cocre!..." 

É interessante considerar aqui algumas coisas: em primeiro lugar o tema da caridade azeda e má, que cria infortúnio para os dela protegidos, um dos temas recorrentes de Monteiro Lobato; o segundo aspecto que poderia ser observado é o fenômeno da epifania, a revelação que, inesperadamente, atinge os seres, mostrando-lhes o mundo e seu esplendor. A partir daí, tais criaturas sucumbem, tal qual Negrinha o fez. Ter estado anos a fio a desconhecer o riso e a graça da existência, sentada ao pé da patroa má, das criaturas perversas, nos cantos da cozinha ou da sala, deram a Negrinha a condição de bicho-gente que suportava beliscões e palavrórios, mas a partir do instante em que a boneca aparece, sua vida muda. É a epifania que se realiza, mostrando-lhe o mundo do riso e das brincadeiras infantis das quais Negrinha poderia fazer parte, se não houvesse a perversidade das criaturas. É aí que adoece e morre, preferindo ausentar-se do mundo a continuar seus dias sem esperança.

Um momento inesquecível (Nicholas Spark)


Landon diz ao leitor: "No início você vai sorrir, depois vai chorar - não diga que não avisei". Tenho que admitir que não chorei, apesar de por várias vezes sentir meus olhos se encherem de lágrimas.


A história começa com um Landon Carter de cinquenta e sete anos a confessar como a experiência que vai ser narrada foi trágica e marcante para ele. Voltamos a 1958, onde o encontramos com dezessete anos e nos descreve a sua realidade. Seguindo o conselho do pai ausente, Landon candidata-se à presidência da Associação de Estudantes da sua escola, para facilitar a sua entrada na Universidade. Acaba por ganhar e vê-se sem alternativas para arranjar um par para o Baile, recorrendo assim à prestável Jamie Sullivan, com quem sempre gozara, por ser extremamente bondosa e prestável e levar a Bíblia sempre consigo e cujo pai, o pastor da Igreja de Landon, sempre fora alvo das partidas deste. 

Mas a noite acaba por ser melhor do que o esperado, com Jamie a ajudar Landon em várias situações. Como consequência, ele vê-se na obrigação de aceitar o emotivo pedido de Jamie e entrar na peça do Reverendo Sullivan, que retrata a sua filha e falecida esposa. 

Os dias sucedem-se entre aulas, ensaios e uma visita ao orfanato que Jamie ajudava, até que um dia, esta pede a Landon que a acompanhe em casa, iniciando assim uma rotina irá se manter. É nesses passeios que Landon fica a conhecer melhor Jamie, percebendo que, apesar de tudo o que a distingue, ele acaba por ter sentimentos contraditórios e normais. Mas o gozo dos seus amigos desperta nele sentimentos contra Jamie em toda a peça. Na noite da representação, percebe finalmente como a convivência com Jamie o fizera crescer e também como esta era realmente bonita e lhe fazia falta.

Na semana seguinte, como compensação pelas suas palavras grosseiras, Landon recolheu as latas de contribuição para os órfãos e ao verificar a mísera quantia recolhida, operou um pequeno “milagre”, salvando o Natal dos órfãos. Foi exatamente na véspera de Natal, no orfanato, após Jamie lhe ter oferecido a Bíblia, que fora da sua mãe, que Landon percebeu a verdadeira natureza dos seus sentimentos, começando ambos a namorar alguns dias depois. Como ela era diferente de todas as pessoas jamais conhecidas por Landon, este tinha sempre que premeditar as suas ações, além de contar com a extrema devoção de Jamie ao pai. 

Mas a relação decorreu com normalidade, e assim, um dia enquanto passeavam Landon disse-lhe que a amava. Jamie desata a chorar e confessa-lhe então ter leucemia! Landon, destroçado, abraça-a fortemente enquanto não acreditava, pois Jamie estava com leucemia já em fase terminal. 

Chocada com esta notícia, toda a população manifestou a sua tristeza e arrependimento. Landon vivia numa angústia, a pensar nos dias que lhes restavam e no que devia fazer para os aproveitar. Por entre conselhos da sua mãe e torrentes de emoções dentro de si próprias, procurava a resposta que tão ansiosamente desejava. 

Jamie estava cada vez mais magra e pálida e Landon sentia-se impotente. Como a amava demais pediu-a em casamento, que foi celebrado pouquíssimo tempo depois. 

A 12 de Março de 1959, Landon e Jamie casaram-se como ela sempre sonhara.

Jamie morre... 

O livro termina com a retrospectiva de Landon e com a certeza de que, não interessa quantos anos se passe; ele irá recordar-se sempre deste momento da sua vida porque, afinal de contas, os milagres podem mesmo acontecer.

O Pagador de Promessas (Alfredo Dias Gomes)


O pagador de promessas, escrito em 1959, pelo baiano Alfredo Dias Gomes, teatrólogo, romancista e autor de minisséries e telenovelas, como Saramandaia, Roque Santeiro, Araponga e As noivas de Copacabana. Pertencente também à Academia Brasileira de Letras, Dias Gomes morreu em 1999 em um acidente em São Paulo. 

O pagador de promessas é organizado em três atos: 

Primeiro ato: 

Após caminhar sete léguas com sua mulher, Rosa, Zé do Burro chega às escadarias da Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, Bahia, carregando nos ombros uma cruz tal qual a de Cristo. Tal fato é resultado de uma promessa feita à Santa Bárbara, em prol de seu burro Nicolau, que foi ferido por um galho de árvore numa noite de tempestade. Depois de várias tentativas, Zé do Burro faz uma promessa no terreiro de candomblé, onde Santa Bárbara é a figura sincrética de Iansã. Com o amigo curado, além de levar a cruz à igreja citada, ele também divide sua pequena propriedade com os lavradores da região. Nos diálogos entre Zé do Burro e Rosa há humor, o que faz da peça uma tragicomédia. 

Zé do Burro quer cumprir a promessa, mas o guarda intervém. Na sequência, Rosa aparece com aspecto de “culpada” que mais a frente se revelará na peça como a traição com Bonitão. Logo chega o Repórter sensacionalista querendo tirar proveito da história do lavrador e tenta torná-lo um mártir a fim de virar notícia. 

Segundo ato: 

No segundo ato, Dedé Cospe-Rima, o poeta, se oferece para narrar a história de Zé do Burro. Em seguida, aparecem o capoeirista Mestre Coca e o investigador de polícia, o Secreta, este último foi chamado por Bonitão para enquadrar Zé do Burro com o objetivo de deixar Rosa livre para ele. “O caso Zé do Burro” sai na primeira página do jornal. Chegando o Monsenhor, o pagador de promessa tem a esperança de colocar a cruz que carregou por sete léguas no altar de Santa Bárbara. Porém, o Monsenhor o aconselha a trocar a promessa, mas Zé do Burro rejeita. 

Terceiro ato: 

O último ato tem início com uma roda de capoeira, em que Mestre Coca e Manuelzinho Sua-Mãe jogam capoeira. Dedé Cospe-Rima, Mestre Coca e Galego fazem uma aposta colocando em jogo a sorte de Zé do Burro. O poeta promete a Zé do Burro escrever denunciando a atitude de padre Olavo. Rosa tenta convencer o esposo a ir embora, afinal, teme a chegada da polícia. 

O delegado dá ordem de prisão a Zé do Burro, que resiste. Os soldados tentam levá-lo à força, os capoeiristas interferem e defendem-no. Em meio a confusão, um tiro é disparado e atinge Zé do Burro, que não aguenta e morre na porta da igreja. Liderados por Mestre Coca, os capoeiristas colocam o corpo do pagador de promessas deitado sobre a cruz e entram na igreja. 

Estilo de época: Dias Gomes pertence ao Modernismo brasileiro, especificamente na geração de 45 que procurou inovar, principalmente na área linguística, dentre esses autores estão Guimarães Rosa e Clarice Lispector – de caráter regionalista e intimista, respectivamente. 

Temáticas: 

1. Crítica ao conservadorismo clerical: segundo o crítico teatral Sábato Magaldi, é evidente a crítica ao formalismo clerical. 

Zé: Está bem, Padre. Se for assim. Deus vai me castigar. E o senhor não tem culpa. Padre: Tenho, sim. Sou sacerdote. Devo zelar pela glória do Senhor e pela felicidade dos homens. 

Zé: Mas o senhor está me fazendo tão infeliz. Padre! Padre (sinceramente convicto): Não! Estou defendendo a sua felicidade, impedindo que se perca nas trevas da bruxaria. 

Zé: Padre, eu não tenho parte com o Diabo, tenho com Santa Bárbara. GOMES, Dias. O pagador de promessas. 29. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986. p.135-136. 

2. Traição: ao se sentir pouco desejada pelo marido, Rosa se envolve pelo malandro Bonitão. 

3. Jogo de interesses/hipocrisia: várias personagens se beneficiam da situação vivenciada por Zé do Burro. 

4. Reforma agrária: Zé do Burro, apesar de não conhecer a reforma agrária, a faz em sua promessa ao dividir sua pequena propriedade entre os lavradores da região. 

5. Sincretismo religioso: sobre isso, o autor comenta em uma nota antes do início da peça: [...] O sincretismo religioso que dá motivo ao drama é fato comum nas regiões brasileiras que, ao tempo da escravidão, receberam influências de cultos africanos. Não podendo praticar livremente esses cultos, procuravam os escravos burlar a vigilância dos senhores brancos, fingindo cultuar santos católicos, quando, na verdade, adoravam deuses nagôs. Assim, burlavam uma correspondência entre estes e aqueles – Oxalá (o maior dos orixás) identificou-se com Nosso Senhor do Bonfim, o santo de maior devoção da Bahia. Oxóssi, deus da caça, achou o seu símile em São Jorge. Exu, orixá malfazejo, foi equiparado ao diabo cristão. E assim por diante. Por isso, várias festas católicas, na Bahia (como em vários estados do Brasil), estão impregnadas de fetichismo, com danças, jogos e cantos de origem africana. Entre elas a de Santa Bárbara (Iansã na mitologia negra), que serve de cenário ao drama.

GOMES, Dias. Op. cit. p. 20.

No Moinho (Eça de Queirós)


O conto “No Moinho” de Eça de Queirós traz como personagem principal, Maria da Piedade que “era considerada em toda a vila como uma senhora modelo” que dava orgulho à vila por “sua beleza delicada e tocante; era loura, de perfil fino, a pele ebúrnea, e os olhos escuros”, enfim, era considerada “uma fada”. Essa descrição denota a opinião da sociedade sobre a personagem e todas as características reforçam o ideal romântico de mulher apresentado logo no início da narrativa. 

De família modesta, mãe “desagradável” e pai bêbado, Maria da Piedade vê como única saída casar-se com João Coutinho, um homem doente, mas rico, com quem teve três filhos, duas meninas e um menino que por herança genética todos nasceram doentes. Assim, restava-lhe viver como enfermeira, cuidando das doenças do marido e dos filhos. Como consequência sua vida é sombria, pois está sempre “vestida de preto” e sua casa parece “lúgubre”. 

Então, João Coutinho recebe uma carta de quem tinha orgulho, seu primo Adrião, romancista de Lisboa, anunciando sua chegada para a venda de uma propriedade rural. Imediatamente João manda providenciar estadia para o primo e isso deixa Maria da Piedade apavorada por ter em casa um estranho que quebraria a rotina da residência, porém o primo chega e deseja ficar na estalagem de Tio André para não perturbar a ordem da casa de Coutinho. 

Adrião desejava vendar uma fazenda, mas não encontrava comprador, então, João Coutinho ofereceu Maria Piedade para ir com ele à fazenda, pois era boa conselheira e entendia dessas coisas. O primo, então, comentou: um anjo que entende de cifras. E, pela primeira vez, Maria Piedade se sentiu valorizada com o dizer de um homem, pois “corou” com as palavras de Adrião. É nesse momento que ela começa a enxergar o primo com os olhos da alma. 

No dia seguinte, encaminharam-se à fazenda e o narrador descreve o dia como “fresco e claro”, características que traduzem tranquilidade e metaforiza o paraíso que antes era inexistente, por ser lúgubre e cheio de trevas. 

Decidiram, posteriormente, ir ao moinho para que Adrião conhecesse. “Já viu o moinho? – perguntou-lhe ela. Tenho vontade de o ver, se mo quiser mostrar, prima.” Essa parte do diálogo mostra que os dois já se sentiam atraídos e pouco faltava para que essa atração os unisse. Nesse dia, Adrião vai para a estalagem e percebe que está “interessado por aquela criatura tão triste e doce”, diferente das demais mulheres que ele conhecera, já que era um homem desejado por todas. 

Ao descrever a mulher desejada, Adrião demonstra o conhecimento que tem da alma feminina, adquirido com seu último livro, Madalena, pois a obra exigiu “um estudo de mulher trabalhado a grande estilo, duma análise delicada e sutil” que o consagrou como mestre na análise da mulher. Após observar aquela que ele chamava de anjo, pôde concluir que ela era presa àquele lugar, à tradição e “bastaria um sopro para o fazer remontar ao céu natural, aos cimos puros da sentimentalidade”. Nesse trecho é possível perceber o que Adrião já planejava acontecer nos próximos dias. 

Como combinado, foram ao moinho e cansada da caminhada, Maria da Piedade senta-se numa pedra e Adrião começa a comparar o moinho com o paraíso e a imaginar como seria se eles para sempre ficassem ali. Então, ela fica corada e ri. Mas, de repente, ele a abraça e a beija profundo e interminavelmente, colocando-a contra seu peito, “branca, como morta”. A palavra morta nesse trecho é usada de maneira dicotômica, representando a morte e a vida, pois até esse momento Maria da Piedade não vive para si e não é feliz, pois vive apenas para o marido e os filhos. Assim, Adrião com um beijo a desperta, como se fosse a Bela Adormecida, para a vida. Após beijá-la, ele fica contente com sua “generosidade” como se ele soubesse as possíveis consequências do beijo na prima, que se evidenciam no trecho onde ele afirma que “de resto um momento como aquele no moinho não voltaria. Seria absurdo ficar ali, naquele canto odioso da província, desmoralizando, a frio, uma boa mãe...”. 

Maria da Piedade ao sentir e visualizar outras possibilidades para sua existência, além de ser enfermeira do marido e dos filhos, reflete sobre a vida que tem e começa a achar os seus “fardos injustos”, então, compreendemos que quando não se conhece outros “sabores”, resta o contentamento com o que se tem. A partir dessa conclusão a personagem começa a pensar em apressar a morte do marido e a deixar os filhos sujos e sem comida.

Injustiçada, restava-lhe o amor que sentia por Adrião e “refugiava-se então naquele amor como uma compensação deliciosa”, portanto, ela passara a sonhar, a imaginar aquele homem forte, extraordinário, belo como sendo a razão de sua vida, pois antes de conhecê-lo estava morta ao lado de um homem fraco e doente que era João Coutinho. Inclusive, é possível fazer uma comparação semântica entre o nome de Adrião que reflete expansividade, força, enquanto o de João Coutinho com o diminutivo o faz pequeno e fraco. 

Amando Adrião, Maria da Piedade queria tudo “que era ou vinha dele”, por isso “leu todos os seus livros, sobretudo aquela Madalena que também amara e morrera dum abandono”, nesse momento ela se identifica com Madalena, pois amara e também fora abandonada por Adrião. E lendo, se acalmava e revidava a vida que vivia, pois pegava emprestado essa vivência quando chorava “as dores das heroínas de romance”, logo, “parecia sentir alívio às suas”.

Ela passou a sentir necessidade de ler romances constantemente, assim “criando no seu espírito um mundo artificial e idealizado”. É nesse momento que a personagem começa a idealizar, coisa que não fazia antes, também começam aparecer revoltas, ocasionadas pelas interrupções à suas leituras românticas. 

“O seu amor desprendeu-se pouco a pouco da imagem de Adrião e alargou-se a um ser vago que era feito de tudo que a encantara nos heróis de novela”, Maria da Piedade queria ser amada, importante como mulher e possuída pelos homens aos moldes dos romances que lia, pois assim ela preencheria seu vazio com seus amantes que, em geral, eram fortes, o oposto da figura raquítica de seu marido. 

“À noite abafava; abria a janela; mas o cálido ar, o bafo morno da terra aquecida do sol, enchiam-na dum desejo intenso, duma ânsia voluptuosa, cortada de crises de choro.” O momento noturno propiciava reflexão e solidão à Maria da Piedade que mesmo rodeada de amantes, terminava solitária e chorosa à noite. Então, no moinho, a figura de Santa se transforma em Vênus, deusa do amor responsável pelo prazer, pelo sexo e pela satisfação de maneira inconsequente, sendo na Odisseia aquela que também trai. 

É preciso reconhecer que Maria da Piedade desejou ser outra antes da sua transformação em Vênus, pois tinha “momentos em que desejasse alguma outra coisa além daquelas quatro paredes, impregnadas do bafo de doença...”, portanto, não se muda uma pessoa, apenas lhe mostra o caminho, as escolhas e Adrião lhe mostrou um mundo novo, cheio de opções além das enfermidades, a fez livre e por se tornar livre, acabou escandalizando “toda a vila” que tinha princípios morais opostos aos adotados por Vênus. 

A traição ocorrida em “No moinho” tem uma mera semelhança com o romance, do mesmo autor, “O Primo Basílio”. No conto, Maria da Piedade mesmo tendo um marido, não tem um companheiro, pois este vive enfermo, assim como Luísa no romance, que tem um marido ausente. Ambas sofrem por essa condição e com a chegada dos primos Adrião e Basílio, respectivamente, a situação é intensificada, culminando no adultério. As duas mulheres, antes vistas como anjos, caem em traição e viram “Vênus”, sendo malvistas pela sociedade a que pertencem. 

Ao abordar esse tema (adultério), Eça de Queirós pretende criticar a influência dos romances nas traições matrimoniais, fato bastante evidenciado no conto, onde o narrador afirma que “o romantismo mórbido tinha penetrado naquele ser, e desmoralizara-o tão profundamente, que chegou ao momento em que bastaria que um homem lhe tocasse, para ela lhe cair nos braços”. Devido a essa crítica ao idealismo romântico o conto se encaixa na perspectiva naturalista, pois o instinto prevalece à razão, por meio do espaço corrompido moralmente pela traição, assim, provando que o meio é capaz de influenciar o homem.

O Espírito das Leis (Montesquieu)


O Espírito das Leis (Montesquieu) “O espírito das Leis”, a qual trata de comparar os diferentes tipos de governo, busca utilizar a sua visão do ser humano, para explicar as ações e paixões e as predileções sobre um ou outro tipo de governo. Em seu livro, tenta desenvolver um governo efetivo, que irá manter o país unido. 

Montesquieu acredita que o mais efetivo tipo de governo é a monarquia. Através dela, o monarca exerce seu poder, com sua nobreza, e o clero e o parlamento controlam suas ações. Ele acredita que o fraco deve se proteger do forte através das leis e pela separação dos poderes. Ele defende a tese de que a nobreza e o monarca devem ambos estar presentes, e não terão sucesso um sem o outro. 

Para se ter sucesso, deve-se compreender que os membros das classes não eram iguais, mas tinham algumas necessidades semelhantes. Ele refere-se à importância de se educar o cidadão no sentido de entender que as leis eram o caminho certo a se seguir, e explicar o porquê dessa necessidade. Montesquieu acreditava que a religião era a peça fundamental para ajudar a controlar o país, e deve ser utilizada pelo governante para manter a lealdade dos cidadãos. 

No geral, O Espírito das Leis não foi seguido à risca pelos governantes em seu tempo, mas serviu de guia para muitos governos, inclusive em nossos tempos. 

Objetivo claro: destacar e analisar em separado o aspecto propriamente político e social do homem. "Não se deve de modo algum estatuir pelas leis divinas o que deve sê-lo pelas leis humanas, nem regulamentar pelas leis humanas o que deve ser feito pelas leis divinas", escreve ele, estabelecendo a divisão entre religião e política. 

Quer assim demarcar o domínio próprio da política e de sua ciência, que não se confunde com o da religião ou o da moral. Para muitos, ele inaugura a sociologia política. Para o pensador, as religiões, os valores morais e os costumes devem ser analisados não em si mesmos, mas na sua relação com os diversos modos de organização das sociedades. É preciso também verificar as relações em que tais sociedades manchem com os dados naturais, como o clima e o solo. 

Para ele, o que importa não é julgar os governos existentes, mas compreender a natureza e o principio de cada espécie de governo. 

Para ele, qualquer Estado contem 3 tipos de poderes: legislativo, executivo e judiciário. Se cada poder agir por sua própria conta, não há como impedir as arbitrariedades, é o mínimo de liberdade. 

No oposto, onde cada um interfere nos outros, uma combinação entre ambos, forma-se um equilíbrio. O modelo é o governo da Inglaterra. 

Sua principal obra, “O espírito das Leis”, trata de examinar 3 tipos de governo, a República, a Monarquia e o Despotismo, onde explica também que as leis que governam o povo devem levar em consideração o clima, a geografia e outras circunstâncias gerais, e que, também as forças que governam devem ser separadas e balanceadas para garantir os direitos individuais e a liberdade.

“Quando se faz uma estátua, não se deve estar sempre sentado no mesmo lugar; é preciso vê-la de todos os lados, de longe, de perto, de cima, de baixo, em todos os sentidos” (Montesquieu). 

Cientista, dissecador de rãs... As ciências exatas estavam muito em moda no século XVIII. Montesquieu demonstra muita sua tendência para a investigação científica. 

Obra composta de 31 livros, sem dúvida o “Espírito das Leis, ou a Relação que devem ter com a Constituição de cada Governo, com os Costumes, clima, Religião, Comércio”, etc... é, de longe, sua obra-prima: 

Publicada em novembro de 1748, em Genebra, onde fora impresso, anônima, e todos apontavam seu autor: Montesquieu. 

Principais questões a serem respondidas pela obra “O Espírito das Leis”: 

Por que em tal país e em um dado momento, sobre um determinado assunto, uma lei e não outra? Por que, em igualdade das demais condições, é eficaz determinada lei e não outra? 

Existe precisamente um espírito das leis, pois o legislador obedece a princípios, a motivos, a tendências examináveis pela razão: “primeiro examinei os homens, e acreditei que, na infinita diversidade de leis e de costumes, não se deixaram levar exclusivamente pelas suas fantasias”. 

Toda lei é relativa a um elemento da realidade física, moral ou social; toda lei pressupõe uma relação. O Espírito das Leis consiste nas diversas relações que podem ter as leis com diversos objetos. 

Diferentemente de Maquiavel, o recusa à fortuna, pois verifica que, historicamente, os romanos foram constantemente felizes ao se governarem de acordo com determinado plano, e constantemente infelizes ao seguirem outro. Ou seja, existem causas gerais que agem em cada Monarquia, elevando-a, conservando-a ou precipitando-a, as quais devem explicar racionalmente a história. 

Diferente de Hobbes ou Locke, não busca encontrar um sistema político armado dos pés à cabeça, uma doutrina rigorosamente dedutiva: busca suas ideias na investigação científica e análise dos governos de diversos países, à medida que vai desenvolvendo sua obra.